Por fim, é importante falar das principais adaptações curriculares para a avaliação de estudantes com deficiência.
Um processo de avaliação calcado na perspectiva inclusiva amplia o espaço dos debates acerca da avaliação escolar do ponto de vista disruptivo. É nesse cenário que as adaptações curriculares têm como proposição estratégica o repensar das práticas avaliativas, no que diz respeito à autonomia do educador em propor ações que melhor se adequem às necessidades dos seus educandos.
Dessa forma, as adaptações curriculares para a avaliação devem estar vinculadas às alterações nos objetivos e conteúdos que compõem o plano de ensino. Essas adaptações têm por princípio o atendimento às necessidades dos educandos em respeito às suas especificidades, para a elevação das potencialidades com vistas ao desenvolvimento das habilidades e competências cognitivas e socioemocionais.
Este processo pode favorecer a abertura de novos caminhos que possibilitem aos docentes maior autonomia na proposição de metodologias voltadas ao processo avaliativo, de forma a melhor adequá-las às necessidades dos educandos.
Segundo Smith (2008, p. 65), são exemplos de adaptações de situações de avaliação que contemplam de forma mais completa estudantes com alguma necessidade especial:
- provas em versão Braille;
- leitura dos testes para os estudantes;
- explicações diretas de várias maneiras;
- tempo extra para a aplicação dos testes;
- intervalos nas sessões dos testes;
- auxílio ou equipamento adaptativo;
- orientação para o aluno por meio de sinalização;
- respostas ditadas para o assistente (escriba);
- realização do teste em um local tranquilo;
- realização do teste em vários dias.
Para Stainback (1999, p. 159-160),
São opções para facilitar o acesso dos estudantes à aprendizagem:
- oferecer “dicas” variadas.
- aplicar testes orais/verbais e escritos;
- usar a demonstração prática;
- usar testes gravados;
- apresentar gravuras;
- ler os testes para os alunos;
- antecipar a leitura das questões do teste;
- usar aplicações em tempo real;
- providenciar para que o teste seja aplicado por uma pessoa especializada;
- usar respostas curtas;
- usar múltipla escolha;
- modificar o formato;
- encurtar a extensão;
- estender a duração;
- desmembrar o enunciado em várias instruções;
- dar as instruções em passos separados (escritas, sinalizações e verbais);
- usar apoio escrito para as instruções orais;
- baixar o nível de dificuldade;
- reduzir as instruções;
- reduzir as tarefas com lápis e papel;
- ler as instruções para os estudantes;
- usar instruções por sinais;
- dar sugestões ou “dicas” extras;
- permitir que o aluno grave ou digite as instruções;
- adaptar as folhas de teste;
A seguir, apresentaremos alguns princípios que podem ancorar ações educativas voltadas para a vivência de uma Pedagogia Cognitivo-Afetiva.
Esses princípios têm como objetivo trazer o educando à centralidade do processo pedagógico, considerá-lo na sua singularidade e, assim, repensar o ato de avaliar no contexto educacional como um processo que potencialize o desenvolvimento cognitivo-afetivo-social do educando. Essa abordagem pode representar uma visão mais integradora do educando e da sua interação com o objeto do conhecimento. São eles:
Considerar esses princípios na organização do trabalho pedagógico pode ser um passo importante para ousarmos traçar novos caminhos metodológicos e quiçá romper os paradigmas que fragmentam os saberes e fazem do ato de avaliar um processo de opressão e de exclusão.
Refletir sobre a avaliação das aprendizagens na Educação Básica imprime compromisso e responsabilidade da comunidade educativa em relação às novas gerações. Há um mundo à frente dos educandos, um mundo complexo que tem exigido da escola uma postura crítica, criativa e cuidante na sua forma de ensinar, aprender e avaliar.
Fica a dica
Nesse processo de mudança, como você se sente na condição de docente e potencial protagonista dessas transformações?
Partida experiencial
Poema sobre Avaliação Escolar e Aprendizagem
Ser aprovado ou não depende da conclusão
Do processo concebido
Ser excluído ou não depende da terminação
Dos testes corrigidos.
Da Ratio Studiorum até Didacta Magna
Um modelo conhecido
Como classificatório, excludente e seletivo
Permanece até hoje nos meios educativos.
Fazer o quê!?
Notas e conceitos necessários
Registros e resultados consequentes
Levam a avaliação diferente do que deveria ser.
Poder público incapaz
De fornecer ensino superior
A quem muitos fez estudar e ao prestar vestibular
Não alcançou o pretendido.
Necessária prática pedagógica
Que procure qualidade educacional
Tão rara de encontrar
Nesse pequeno mundo desconhecido.
FREIRE, Licínio Ramos. Poema sobre avaliação escolar e aprendizagem.
Em toda a nossa Educação Básica, vivenciamos a avaliação da aprendizagem conforme citada no poema acima. Dialogue com seus colegas e busquem, juntos, outras formas de avaliar, de modo a tornar a avaliação muito mais do que um instrumento de classificação. Esse pode ser um importante exercício de ‘transver’ a nossa atuação como docentes, uma vez que o ato de avaliar é reflexo do ato de ensinar.
Proposições de problematização:
Saviani (2001), ao citar a Teoria da Curvatura da Vara, afirma que para se endireitar uma vara que se encontra torta não basta colocá-la na posição certa: é necessário curvá-la do lado oposto. O mesmo “ocorre no embate ideológico, não basta enunciar a concepção correta para que os desvios sejam corrigidos; é necessário abalar as certezas, desautorizar o senso comum” (p. 60).
Ao fazermos uma analogia entre a avaliação escolar e a Teoria da Curvatura da Vara (SAVIANI, 2001), podemos afirmar que parece haver, historicamente, uma curvatura direcionada para a avaliação somativa e classificatória. Para amenizar essa tendência é necessário que haja uma vibração que provoque uma curvatura equivalente e proporcional para o lado da avaliação diagnóstica, cujo ponto de equilíbrio seja a avaliação formativa, aquela que ocorre durante todo o processo de ensino e de aprendizagem.
Na sua opinião, o que é possível ser feito para ressignificar a avaliação, garantindo o equilíbrio entre as funções diagnóstica, formativa e somativa?
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