Eixo 3

Aprendizagem Personalizada

Ensino Fundamental II

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Presença vivencial

Ao observar a si mesmo(a) e pensar sobre a sua trajetória de vida, você consegue identificar quais habilidades e competências desenvolveu e como essa variedade de talentos o(a) ajudou a chegar onde está hoje?

No exercício que você acaba de fazer deve ter identificado potencialidades que foram desenvolvidas no seu processo de aprendizagem personalizada, bem como, demonstrado o que ainda você pode evoluir nesse mesmo processo. Esse processo denominado Aprendizagem Personalizada é a temática que vamos conversar neste eixo.

Proximidade conceitual

Etimologicamente, o termo diversidade quer expressar um conjunto variado, múltiplo, heterogêneo; enquanto o termo cognitivo, do latim Cognitum, expressa o processo de adquirir um conhecimento (HOUAISS, 2001). A expressão diversidade cognitiva busca enfatizar um conjunto múltiplo, variado de fatores e elementos que envolvem o processo da construção do conhecimento que cada indivíduo percorre, o que garante a singularidade de cada um e a possibilidade da ampliação desse mesmo conhecimento quando do encontro com o outro.

O processo da diversidade cognitiva propicia que cada indivíduo construa sua estrutura de conhecimentos, o que qualifica a importância de cada um quando das relações no espaço coletivo de trocas. As habilidades e competências de um são correlatas às inabilidades e incompetências de outro. 

A postura de acolhida dos saberes proporciona a valorização de quem se dispõe a compartilhar conhecimentos, ao tempo em que se valoriza o reconhecimento da necessidade da existência do diferente como condição para a possibilidade de ampliação dos saberes.

O Relatório da Comissão Internacional sobre os futuros da educação (UNESCO, 2022) nos provoca a refletir e a reimaginar as abordagens pedagógicas. Para tanto, esse documento propõe pedagogias baseadas:

  • na solidariedade e na cooperação, 
  • na conexão dos currículos com os saberes comuns, 
  • no empoderamento dos professores, 
  • na reimaginação das escolas e 
  • no entrelaçamento da aprendizagem com todos os tempos e espaços da vida.

Freire (2016) corrobora essas ideias ao anunciar saberes necessários à prática pedagógica. Com um olhar centrado na relação e na dialogicidade entre docentes e discentes, o autor nos propõe também princípios que norteiam o fazer pedagógico como a reflexão crítica, o reconhecimento da identidade cultural, a consciência do inacabamento, o respeito à autonomia do educando, a curiosidade, a pesquisa, a escuta, a disponibilidade para o diálogo, entre outros. 

Diante das possibilidades mediadas por essas abordagens pedagógicas, educando e educador podem se tornar agentes e parceiros transformadores no processo ensino e de aprendizagem, ou seja, protagonistas no desenvolvimento das suas potencialidades.

ATENÇÃO

Quando tratamos sobre o desenvolvimento das potencialidades não podemos deixar de refletir sobre as múltiplas inteligências. Embora o conceito de inteligência tenha variado ao longo do tempo, segundo Cosenza e Guerra (2011), ela pode ser considerada como a habilidade de se adaptar ao ambiente e de  aprender com a experiência. 

Gardner (1995) compreende inteligência como capacidade de solucionar problemas ou de elaborar respostas que sejam valorizadas em um ou mais ambientes culturais ou comunitários. Segundo Gama (2009), a Teoria das Inteligências Múltiplas é uma abordagem para o conceito de inteligência compreendida como uma capacidade inerente, geral e única, que permite aos indivíduos um desempenho maior ou menor, em qualquer área de atuação.

As múltiplas inteligências podem ser evidenciadas quando dominamos ou não as habilidades que denominamos como “hard skills” e aquelas chamadas de “soft skills”. As hard skills podem ser traduzidas como habilidades objetivas ou concretas – e tais como qualificações científicas e técnicas–, relacionadas com a caixa de ferramentas, a que nos referimos no início do eixo 1; e as soft skills podem ser traduzidas pelas habilidades subjetivas – como saber lidar com os conflitos, ter empatia e sensibilidade, ser compreensivo(a) etc. –, relacionadas à caixa de brinquedos, também citada no eixo 1 a partir da inspiração de Rubem Alves (2012).

Nesse cenário de múltiplas inteligências humanas, de diversidade de interesses e formas de aprendizagem, torna-se evidente que os seres humanos não se desenvolvem de forma homogênea, tampouco linear. Há formas adequadas de aprendizagem que respeitam as diferenças entre os educandos, ou seja, existem diversidades de Trilhas personalizadas de aprendizagem. A noção comum de que a educação passa por diferentes fases diz respeito a uma jornada repleta de propósitos, que deve se tornar acessível a todos (UNESCO, 2022).

Importante apontar, conforme faz Fernanda Furia, no Portal Playground da Inovação, que:

Destaque

Um recurso tecnológico está revolucionando o sistema educacional e criando uma educação sob medida para crianças e adolescentes: as plataformas adaptativas de ensino.

Resumindo elas funcionam assim: cada aluno acessa o seu programa individualizado pelo computador. O conteúdo a ser estudado pode ser aprendido de diferentes formas: vídeos, músicas, jogos, tutoriais online, etc.. Uma plataforma digital inteligente analisa em tempo real o desempenho do aluno, apresentando caminhos individualizados à medida que o aluno avança ou não no seu aprendizado. A partir desta análise, são recomendados os próximos passos e é criado um mapa que cruza todos os dados da performance do aluno. É uma espécie de “retrato” do desempenho do aluno no dia a dia.

Pode parecer que o uso desta tecnologia torna o relacionamento professor-aluno mais distante e frio. Mas, os educadores que trabalham com esta ferramenta relatam justamente o contrário. Ela permite que o professor conheça de perto os seus alunos e tenha um mapa das suas habilidades e limitações. O estudante, por sua vez, sente-se muito mais respeitado e reconhecido através do constante retorno que a plataforma adaptativa oferece. (FURIA. acesso 18 nov. 2022)

No contexto da aprendizagem personalizada, é imprescindível a valorização e o respeito às diferenças, haja vista que cada educando tem um ritmo próprio. Diante desse pressuposto, o educador deve estar aberto às questões emergentes em sala de aula, bem como deve se empenhar na criação de um clima de cooperação e solidariedade entre os educandos para que haja o compartilhamento de conhecimentos.

Saiba Mais

A temática sobre a ambientação a um clima de cooperação e solidariedade nos chama a atenção para compreender o significado de educação inclusiva, na perspectiva de que incluir é também considerar respeitar essas múltiplas inteligências. Nesse contexto, incluir se torna o ato de contribuir para potencializar e considerar o sujeito nas suas questões emocionais, para que as inteligências sejam desenvolvidas na perspectiva da cidadania emancipatória, do bem comum e de uma sociedade não violenta.

Ainda sobre a temática da Educação Inclusiva, vale apontar o que especifica a Lei nº 13.146, de 13 de julho de 2015:

Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: 
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;(...)
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Em face do conceito de educação inclusiva e do previsto na lei acima transcrita, seguem algumas orientações para tornar o ambiente educativo efetivamente inclusivo e acessível:

  • Contratação de profissionais especializados para apoio;
  • formação continuada dos profissionais na temática da inclusão e da acessibilidade;
  • adequação de instalações e criação de salas de recursos;
  • abertura de diálogo e apoio às famílias;
  • avaliação de aprendizagem compatível com a realidade individual do estudante;
  • acolhimento humanizado com atendimento especializado;
  • criação de incentivos e promoções de convívio social dentro da comunidade escolar.
  • proposição de estratégias pedagógicas que acolham e valorizem as diferenças e promovam o protagonismo aprendente.

Todos os conceitos que aqui foram trabalhados são necessários para a implementação de uma aprendizagem personalizada, por meio da qual cada educando seja considerado único em suas habilidades, competências, atitudes, valores e crenças, mas também seja acolhido e assistido em suas dificuldades e inabilidades para dar conta do currículo contemporâneo.

Leitura Concluída

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