Tópico 6

O ‘erro’ na perspectiva da Pedagogia Cognitivo-Afetiva: desafios e possibilidades

Avaliação da Aprendizagem

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Segundo Freire (2018), o ato de avaliar exige, entre outros aspectos, uma reflexão crítica por parte do professor. Ele deve, em primeiro lugar, avaliar o seu próprio fazer em sala de aula e, cedo ou tarde, é preciso inventar uma forma por meio da qual os estudantes participem da avaliação.

No contexto da avaliação, é preciso considerar o erro como um dos aspectos importantes no processo de aprendizagem. Segundo Morin (2000), a produção do conhecimento é fruto de tradução e reconstrução por meio da linguagem e do pensamento, por conseguinte, está sujeita ao erro. Isso porque esse conhecimento comporta a interpretação, “o que introduz o risco do erro na subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de conhecimento” (p. 20).

Segundo Romão (2008), na maioria das vezes, as provas aplicadas na Educação Básica não visam verificar o que os alunos sabem, mas o que eles não sabem, por meio de um viés moralista que considera a resposta diferente da esperada no “gabarito” como um erro que deve ser castigado. 

Para Luckesi (2011), o erro deve ser utilizado para indicar o estágio em que o aluno se encontra e possibilitar a tomada de decisões para as atividades subsequentes, ou seja, o erro é um elemento que faz parte do processo de ensino e aprendizagem.

Saiba Mais

Considerando o sujeito aprendente na sua integralidade e, portanto, numa perspectiva mais ampla, reflita: quando você elabora uma questão de avaliação, há a expectativa de que o estudante erre, por exemplo, por meio de ‘pegadinhas’? A construção das questões é voltada para encontrar o erro ou provocar o erro? Como o erro tem sido visto no processo de avaliação escolar na sua Unidade de Missão? O erro tem sido percebido como uma tradução e reconstrução por meio da linguagem e do pensamento ou como um ato que deve ser castigado? 

Em um cenário de educação disruptiva e na perspectiva cognitivo-afetiva, há que se conceber novas abordagens paradigmáticas sobre o erro. Nesse sentido, Freire (2016) nos diz que não se trata de ficar contra a avaliação, de resto necessária, mas resistir aos métodos silenciadores com que esse processo vem sendo realizado. 

Assim, compreender o erro como um elemento que integra o ensino e a aprendizagem é potencializar o desvelamento de processos avaliativos que culminam no silenciamento, sobretudo do educando, restringindo o seu protagonismo aprendente. Nesse cenário, o conceito de sucesso e fracasso se instalam e impõem uma visão binária e fragmentária sobre esse processo. 

Nesse sentido, as ideias de Freire e Faundez (1985) até hoje contribuem para a proposição de uma pedagogia da pergunta e asseveram que o risco do equívoco é o que permite avançar no conhecimento, na prática de aprender e de ensinar verdadeiramente. Portanto, uma pedagogia em que o risco do equívoco se torna parte do processo avaliativo pode promover uma aprendizagem mais significativa, inclusiva, protagônica e integradora.

Com base nesses aspectos, Hoffmann (1996, p. 81) contribui para esse debate ao propor um processo avaliativo mais integrador e, para tanto, indica as seguintes ações norteadoras:

Uma concepção integradora da avaliação pode contribuir para que o erro seja, de fato, considerado como oportunidade, como um meio e não como um fim. Assim, a inversão da lógica dualista entre certo e errado requer, principalmente no contexto da avaliação diagnóstica, que a resposta seja vista como uma hipótese e não como fim em si mesma. 

As ideias aqui apresentadas podem ser compreendidas como grandes desafios diante da necessidade de um novo paradigma relacionado à avaliação no contexto educativo. Por outro lado, porém, podem contribuir para a proposição de alternativas, de caminhos possíveis para que o ato de avaliar no contexto educativo agregue à sua intencionalidade o despertar da autonomia e do protagonismo de educadores e educandos. 

Reflita

Como superar esses desafios pedagógicos para que a avaliação não seja uma prática excludente? Como mudar essa realidade?

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