Presença vivencial
(...) a motivação do aluno é a própria aprendizagem. Ela ocorre por si só. Para ele, quando se aprende algo, há uma satisfação inicial que estimula que o ato pedagógico continue se desenvolvendo.
Ausubel
Psicólogo da educação estadunidense
Para dialogarmos sobre o processo de avaliação escolar na perspectiva da Pedagogia Cognitivo-Afetiva, é necessário que façamos uma profunda reflexão sobre o que pensamos e o que fazemos no momento em que avaliamos nossos educandos.
Saiba Mais
Com base na percepção a respeito da animação, reflita sobre as suas experiências como educador(a):
- Ao colocar uma lente de aumento no contexto da sua prática didático-pedagógica em termos do ato de avaliar, o que você observa?
- Nesse processo de ‘transver’, que novos elementos você traria para a sua prática como docente?
- Qual o lugar do educando nesse contexto?
- Qual o papel da escola nesse sentido?
Nessa perspectiva, apresentaremos a seguir alguns pressupostos cujos fundamentos se voltam a uma concepção pautada numa linha teórico-metodológica da Pedagogia Cognitivo-Afetiva, norteada pelo princípio da formação dos sujeitos na sua integralidade.
O desenvolvimento integral compreende a complexidade do ser humano em todas as suas dimensões (cognitiva, física, emocional, social, cultural, espiritual), considerando as características de cada faixa etária, visando à formação do ser em sua individualidade e coletividade.
Nessa perspectiva, os processos educativos devem articular os diferentes espaços e tempos de aprendizagem, de modo a garantir a ampliação e a diversificação de interações significativas. Como concepção, a proposta de desenvolvimento do ser integral é contemporânea, inclusiva, sustentável e promove a equidade (FREITAS, 2021).
Nesse sentido, compreendemos a Pedagogia Cognitivo-Afetiva como uma linha teórico-metodológica que propõe um olhar integrado para a necessária interface entre neurociência e educação; pedagogia do afeto e concepções pedagógicas sociointeracionistas.
São essas concepções que podem promover ações educativas que valorizem e priorizem os reflexos do mundo externo na subjetividade dos indivíduos, o que potencializa uma relação mais interativa do indivíduo com a realidade. É uma proposta que valoriza as atividades em grupo, o relacionamento interpessoal e a linguagem, numa perspectiva que se move do desenvolvimento social para o individual.
ATENÇÃO
Nesse modelo pedagógico, a avaliação do desenvolvimento do indivíduo deve levar em conta o seu processo de maturação. O papel do educador é de mediador da aprendizagem. Por meio de atividades que propiciem a reflexão, que promovam a indagação, o educador potencializa a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).
Denominada por Vygotsky (1984), a ZDP permite ao indivíduo ir além de suas aprendizagens atuais, pois é caracterizada pela distância entre o nível real/atual de desenvolvimento, condicionado pela sua capacidade em resolver de modo independente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, ou seja, aquele realizado com o auxílio de uma pessoa mais experiente.
Nessa perspectiva, Piletti e Rossato (2018) asseveram que, quando se avalia o desenvolvimento infantil, deve-se levar em conta as funções que estão em processo de maturação, ou seja, que estão prestes a consolidar-se, que a criança consegue concretizar com a ajuda e mediação de um adulto ou companheiro mais experiente por meio de pistas, demonstrações, perguntas-guias. Dessa forma, o processo avaliativo precisa estimular os educandos a desenvolver as suas potencialidades e avançar no seu conhecimento e aprendizagem.
Diante da necessidade de compreender a sua função na prática pedagógica, o docente precisa desempenhar o seu papel de forma a permitir com que a criança adquira autonomia, à medida que ela se sinta segura e, assim, protagonize o seu processo de ensino e de aprendizagem.
Do ponto de vista da aquisição das habilidades de escrita e de leitura, o processo avaliativo escolar tem se voltado nas últimas décadas à perspectiva do paradigma psicogenético.
Criada por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1991), a teoria psicogenética da língua escrita parte do pressuposto de que a aprendizagem da escrita inicia-se antes do que a escola imagina, ainda que ensinar a escrever continue sendo uma das tarefas mais especificamente escolares.
ATENÇÃO
Diante dessa proposta de mudança paradigmática, aprofunda-se também o olhar sobre o processo avaliativo nos primeiros anos escolares no que diz respeito à aprendizagem da escrita e da leitura, uma vez que esse modelo se contrapõe às estratégias pedagógicas calcadas no estímulo à resposta.
Essa concepção desvela alguns conceitos acerca da aprendizagem na infância e leva a refletir sobre algumas práticas pedagógicas pautadas na visão adultocêntrica que, muitas vezes, obedecem a padrões que determinam o tempo e o espaço. Isso limita a visão sobre as possibilidades das diferentes formas de ensino e de aprendizagem.
Outro aspecto que pode restringir as diferentes formas de ensino e aprendizagem, bem como a diversidade de processos avaliativos, é a falta de clareza sobre as múltiplas inteligências. Afinal, precisamos estar cientes sobre os avanços da neurociência e das suas contribuições nos processos da organização pedagógica. No cenário dos processos avaliativos, precisamos refletir sobre como esses conhecimentos reverberam nas práticas pedagógicas.
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