Eixo 2

Propósito de Vida

Ensino Médio

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Presença vivencial

Para iniciar a conversa sobre o propósito de vida, convidamos você para ler o conto A uva e o vinho, de Eduardo Galeano.

Depois de ler o conto, reflita:

Quais são as palavras que contam quem é você? O que elas revelam? Que histórias elas contam da sua vida, da sua trajetória, da sua família, dos lugares onde andou, de pessoas que conheceu, dos seus sonhos e propósitos? 

Reconhecer as palavras de que somos feitos é nos darmos conta da nossa história, é nos compreendermos como sujeitos históricos, portanto, com propósitos. Esse segundo eixo nos convida a refletir sobre a importância de sermos pessoas com propósito de vida, com uma vida com sentido.

Proximidade conceitual

 O que define propósito de vida é o senso de que a vida tem sentido e intencionalidade, a partir do qual nos orientam para as metas e tomadas de decisão. Sentido e intencionalidade são elementos importantes para se ter qualidade de vida (RIBEIRO, YASSUDA; NERI, 2020).

Segundo as autoras, pessoas que têm esse senso de propósito, geralmente sentem que o passado e a vida atual são significativos, porque têm crenças, desejos e objetivos que dão sentido à mesma. Poderíamos dizer, então, que pessoas com esse senso de propósito têm consciência do porquê vale a pena viver.

O Grupo UBEC (2020) compreende o propósito de vida nessa perspectiva, ou seja, como aquilo que dá sentido à nossa existência. Por isso, aposta em uma educação integral e integralizadora, comprometida com a vida, que contribua com a formação de pessoas com qualificação profissional e o desenvolvimento social. 

Nossa perspectiva é de uma educação transformadora, que proporcione que as pessoas se pensem e se sintam; e também que pensem e sintam o mundo ao redor; e, por fim, que sistematizem essa reflexão existencial em um projeto de vida. Nessa perspectiva, busca-se desenvolver uma educação que, como apregoa Bell Hooks (2013), ensina a transgredir os pensamentos hegemônicos e contribuir para o desenvolvimento de processos de aprendizagem que questionem as opressões, que descolonizem corpos e mentes, principalmente nos países empobrecidos. Uma educação assim é fundamental, porque altera o modo de olhar para a realidade, dada como determinada; e desperta para a mudança, passando para uma outra maneira diferenciada de olhar a realidade subjetiva e coletiva. 

Visamos, também, uma educação inclusiva, espaço seguro para que as pessoas possam ser, dizer e se desenvolver, reconhecendo e respeitando as diferenças que fazem  parte da nossa condição, tais como diversidade de gênero, de etnia/raça, de orientação sexual, as pessoas com deficiência, as diferentes práticas religiosas, entre outros.

Uma educação inclusiva, devemos ressaltar, é aquela voltada para o respeito à diversidade, e isso requer, por parte das escolas confessionais, uma alteração no modo de conceber o Ensino Religioso. Esse, para além do foco na confessionalidade, deve-se ser pensado de maneira que se “articule com outras disciplinas e o professor se torne o elo de perpetuação desta pedagogia emancipadora, ou seja, uma pedagogia para a formação de um indivíduo crítico, reflexivo e sujeito de sua própria história”. (SILVA, 2022).

Para isso, é fundamental que se compreenda os processos de educação e evangelização como dimensões integradas e complementares (UBEC, 2019). Cabe à pastoralidade a responsabilidade de assegurar essa missão e essa complementaridade, por meio do cultivo de uma espiritualidade celebrativa e encarnada no cotidiano organizacional que perpassa três dimensões: personalizante, estruturante e comunitária. 

Uma pastoralidade focada nessas dimensões, que se articulam de forma indissociável, permite que os sujeitos façam um caminho de interioridade, compreendida como a busca da verdade de si, ou a construção da subjetividade (CASSAL; MARTINS, 2011), que se dá de forma relacional e por meio de uma educação que permita a expansão da consciência sobre si, sobre os outros, sobre o mundo. 

Preocupado com a superficialidade das relações atuais e movido pelo desejo de ajudar a construir pessoas cada vez mais conscientes de si e que se relacionem com o próximo e com o planeta de forma solidária e empática; traduzida nas capacidades de se colocar no lugar do outro e de reconhecer como, nas relações de poder, o seu lugar impacta o lugar do outro, assim como na vida do planeta como um todo; o grupo UBEC, desde 2021, propõe para todas as suas Unidades de Missão, o Programa Propósito de Vida. 

O Programa Propósito de Vida tem como principal objetivo possibilitar reflexões que levem o educando a pensar e construir o seu Projeto de Vida, compreendido como um instrumento que possibilita protagonizar transformações de forma consciente e não automática.

Destaque

Projeto de Vida é pensar quais os caminhos devem ser seguidos para eu alcançar minhas metas de vida em todas as nuances, sem permitir que minha rotina seja ligada no automático, sem objetivo ou aspiração que possam orientar minhas ações (MATUTINO; VIEIRA, 2021, p.38).

Ter um projeto de vida é uma estratégia para organizar o caminho em busca de viver o propósito, rompendo com o isolamento e com a fragmentação.

Segundo a BNCC (BRASIL, 2018), o projeto de vida é um componente curricular do Novo Ensino Médio, de acordo com a Lei nº 13.415/2017, que estabelece as diretrizes e as bases da educação nacional, e define no artigo 3º § 7º que:

Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu Projeto de Vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.

Para isso, há que se considerar uma educação socioemocional, ou seja, aquela que se concretiza a partir de um “processo de entendimento e manejo das emoções”, que se dá pelo desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais, essas, conforme a BNCC, consistem em:

  1. Autoconsciência – Envolve o conhecimento de cada pessoa sobre si mesma, suas forças e limitações, sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento. 
  2. Autogestão – Relaciona-se ao gerenciamento eficiente do estresse, ao controle de impulsos e à definição de metas. 
  3. Consciência Social – Necessita do exercício da empatia, do colocar-se “no lugar dos outros”, respeitando a diversidade. 
  4. Habilidades de relacionamento – Relacionam-se com as habilidades de ouvir com empatia, falar clara e objetivamente, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada (ao bullying, por exemplo), solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso, bem como auxiliar o outro quando for o caso.
  5. Tomada de decisão responsável – Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade.

Para além das habilidades socioemocionais, uma educação que possibilite viver o propósito de vida precisa garantir uma orientação para a vida profissional e para a trabalhabilidade.  O mundo do trabalho tem passado por alterações muito rápidas como, por exemplo, a extinção de certas profissões; o surgimento de novas ocupações; a ideia de empregabilidade, que demanda a adequação do profissional ao mercado de trabalho; e a trabalhabilidade, que consiste na “capacidade que o ser humano tem em absorver habilidades, conhecimentos e competências para gerar renda, trabalho e riquezas. Seja como empreendedor, como autônomo ou como profissional liberal” (WORKALOVE, 2022).

Essas mudanças fazem com que as orientações para a vida profissional também se modifiquem. Para que o profissional esteja mais bem preparado para o mundo de mudanças constantes, o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), uma coisa que é preciso ter em mente é a capacidade de estar em permanente aprendizado, em busca constante de conhecimento, não somente em sala de aula, mas em outros espaços.

Essa capacidade de aprender a aprender de forma permanente, em meio a mudanças tão velozes, é fundamental para desenvolver um senso de abertura para as novidades que se apresentam de modo mais intenso no mundo do trabalho atual, como por exemplo, o empreendedorismo. 

Frente a esse cenário, faz-se importante uma educação empreendedora, que oriente para um processo educativo que desenvolva a criatividade, o pensamento crítico, que tenha foco na inovação e que contribua para a formação de pessoas mais conscientes do seu papel como cidadãs comprometidas com a transformação social (FUTURA, 2022).

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