Presença vivencial
Para conversarmos sobre a temática deste eixo, Protagonismo Aprendente, você é convidado(a) a assistir com bastante atenção ao seguinte vídeo:
Após esse momento de apreciação tente responder às seguintes questões: Para você o que é aprender? O que é ser dono do próprio saber? Como você tem construído o seu aprendizado? Você tem conseguido ser protagonista de sua história e do seu saber?
A resposta a esses questionamentos é imprescindível para a clareza de nossa identidade e, consequentemente, a compreensão das relações para a construção de nossos saberes. Vamos então dialogar?
Proximidade conceitual
A Base Nacional Comum Curricular - BNCC destaca que no período que perfaz a Educação Básica, inclusive o Ensino Médio, deverão ser desenvolvidas dez competências gerais, cuja definição é a de “mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2018, p. 8); e que estão ancoradas nos princípios éticos, estéticos e políticos que devem levar aos conhecimentos diversos, ao desenvolvimento de habilidades e atitudes, bem como à construção de valores essenciais à vida no decurso do séc. 21 (MOVIMENTO PELA BASE, 2018).
Essas competências abrangem os seguintes tópicos:
Abordaremos aspectos fundamentais de cada uma das competências.
A primeira competência ao tratar do conhecimento assevera que o educando deve:
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2017)
Destaca-se que o conceito central dessa competência é o conhecimento elaborado e resultante da relação entre sujeito e objeto, sendo que o educando deve se tornar conhecedor a partir e no decurso do processo de sua aprendizagem.
Para a construção e aquisição do conhecimento, devemos observar a segunda competência, referente ao pensamento científico, crítico e criativo, assim especificada no documento:
Destaque
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. (BRASIL, 2017, p. 11)
A competência em comento refere-se ao desenvolvimento do raciocínio a ser construído pelo educando, utilizando-se de diversas estratégias metodológicas, fazendo com que ele seja capacitado para estruturar hipóteses, modificar ideias, estatuir possibilidades e desenvolver o senso crítico, tornando-o protagonista na elaboração do seu conhecimento.
A terceira competência, que versa sobre a diversidade artístico-cultural, especifica que o espaço educativo deve:
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural (BRASIL, 2017, p. 11)
Essa competência implica proporcionar o reconhecimento da diversidade cultural existente no contexto escolar e a possibilidade de apropriação desses saberes, resultando no fortalecimento e na continuidade de construção da identidade cultural existente no território, por parte dos educandos.
A quarta competência refere-se às Linguagens e está correlata à Comunicação, e assim é definida:
Destaque
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. (BRASIL, 2017, p. 11)
Um dos objetivos dessa competência é de que o educando seja capaz de, dialogando, expressar-se nas diversas linguagens, respeitando a diversidade de opiniões e pensamentos existentes no espaço de debate, o que possibilitará um outro objetivo que é o de fazer com que os educandos tenham a capacidade de reconstruir e compartilhar os conhecimentos oriundos desses diálogos. Também integra como seu objetivo a atenção para a importância de uma educação inclusiva, como por exemplo, valorização e utilização no espaço educativo da LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais.
A cultura digital é a temática da quinta competência e está posta para demonstrar a importância do uso das tecnologias no ambiente educativo, visando o desenvolvimento dos educandos. Para tanto, ela visa:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2017, p. 11)
Em uma realidade social cada vez mais tecnológica, é imprescindível que o educando desenvolva habilidades para dialogar com todas essas situações. Portanto, é um desafio para os educadores encontrarem mecanismos de aplicação da tecnologia em suas práticas pedagógicas.
A sexta competência se refere à temática dos Saberes, Projeto de Vida e Trabalho, o que implica no exercício da cidadania e em:
valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. (BRASIL, 2017, p. 9)11
Importante a conexão dessa competência com as anteriores, uma vez que ela traz o desafio de que todo o conjunto de aprendizagens construído/adquirido pelo educando seja colocado em prática, na demonstração cotidiana de seus saberes, no projeto de vida que ele desenhou para si, o que implicará no exercício do seu trabalho. Portanto, a presente competência está voltada para a realidade do educando com seus valores, sentimentos, emoções e atitudes.
Essa sexta competência traz, como complemento, a sétima, que possibilita ao educando:
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. (BRASIL, 2017, p. 11).
É no exercício dessa competência que o estudante terá a possibilidade de, em seu cotidiano, como protagonista aprendente, estruturar argumentos sobre questões que afetam sua vida, tornando-o capaz de expressar-se sobre a realidade social e ecológica e de posicionar-se ante elas. Tal arcabouço exige que os educadores se utilizem de práticas pedagógico-metodológicas que tenham o educando como participante ativo do cotidiano escolar.
A oitava competência busca desenvolver o autoconhecimento e o autocuidado, levando o estudante a observar
[...] sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas (BRASIL, 2017, p. 12).
Essa competência tem um caráter pessoal que implica diretamente numa consequência relacional. Dependendo da forma como se desenvolve o conhecimento e a apreciação de si mesmo, podemos ter relações dialógicas ou não, o que implica na próxima competência que versa sobre a Empatia, Diálogo, Resolução de Conflitos e Cooperação.
Diz o texto da BNCC sobre a nona competência:
Destaque
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (BRASIL, 2017, p. 12).
Essa competência tem uma importância fundamental para a questão da violência. A necessidade de trabalhar a diversidade de posicionamentos, sem que essa mesma diversidade possa levar a uma postura de intolerância e, consequentemente, de violência é algo que, no espaço educativo, deve ser considerado como absolutamente imprescindível. Portanto, refletir sobre o acolhimento do diferente, das diferenças, sobre o respeito e o diálogo é preventivo para as situações de violência; e implementador de uma Cultura de Paz, a qual abordamos no Eixo 2 – Propósito de Vida.
Finalmente, chegamos à décima competência apontada pela BNCC, que trata do tema da responsabilidade e do exercício da cidadania por parte do educando. Tal competência requer do estudante:
[...] o agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017, p. 12)
As dimensões da ação apresentadas na competência dez visam fazer com que os educandos possam se entender como agentes de mudança no ambiente social e histórico em que vivem, na busca de uma sociedade mais justa, igualitária e não excludente.
O debate sobre autonomia no ambiente educativo tem como base a segunda competência instituída na BNCC, referente ao pensamento científico, crítico e criativo. Por “crítico”, compreende-se uma forma autônoma de agir/pensar que considera o que está além das aparências e, portanto, que se interessa e se debruça sobre a realidade, problematizando-a e fazendo com que tenha como centro de interesses ações transformadoras e emancipatórias.
Assim sendo, trabalhar pedagogicamente o sentido da autonomia com a faixa etária do Ensino Médio exige compreender a necessidade de desenvolver as potencialidades do educando, objetivando a sua emancipação, resultado de uma aprendizagem com propósito, que promova sentido e significado para sua vida.
Os quatro pilares da educação, propostos pelo relatório de autoria de Jacques Delors (UNESCO, 2003), designam os princípios voltados a aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser’.
Esses princípios vêm mobilizando, desde então, ideias sobre a necessidade de repensarmos a educação, com a proposição de pedagogias que favoreçam a prática da cooperação, da solidariedade; que promovam a empatia, o respeito pela diferença e pela compaixão e que desenvolvam as capacidades dos indivíduos para trabalharem juntos, a fim de se transformarem e de modificarem o mundo (UNESCO, 2022). O princípio do aprender fazendo, que se dá em um movimento de circularidade com os demais, é compreendido como um espaço de protagonismo do educando.
Algumas orientações para o desenvolvimento do protagonismo aprendente:
- Realizar a escuta ativa dos estudantes para o planejamento das aulas.
- Prever situações pedagógicas em que o estudante possa produzir, construir, numa perspectiva maker.
- Propor atividades para serem realizadas de forma coletiva e colaborativa.
- Utilizar metodologias ativas a exemplo da sala de aula invertida.
- Criar situações em que os objetos de conhecimento sejam apresentados de forma que o estudante se sinta motivado à busca de novos aprendizados e significados.
- Pensar processos avaliativos diversificados e inclusivos.
A seguir, abordaremos um pouco sobre a Partida experencial.
Partida experiencial
Ante tudo o que conversamos neste eixo temático, convido você agora para um momento de reflexão. Sua prática pedagógica tem propiciado que os seus educandos sejam protagonistas do próprio aprendizado? Quais os propósitos você tem definido para a sua prática pedagógica?
Proposições de problematização:
No contexto do compromisso e da responsabilidade da escola na proposição de uma ação educativa que desenvolva as competências gerais previstas na BNCC, que estratégias podem ser propostas para a efetivação de um protagonismo aprendente dos discentes, considerando a linguagem, o autoconhecimento e a comunicação?
Sugestões de atividades para a prática pedagógica:
Propor espaços para que os jovens possam vivenciar experiências que possibilitem o autoconhecimento e o desenvolvimento de uma linguagem comunicacional não-violenta. Propor a criação de um Núcleo de Mediação de Conflitos na escola, protagonizado pelos próprios jovens.
Orientações:
- Desenvolver um curso ou oficinas sobre comunicação não-violenta.
- Criação de núcleo de mediação de conflitos na escola.
- Pensar a socialização da experiência.
Leitura Concluída
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